Há diversos tipos de câncer no aparelho digestivo. Tumores malignos podem surgir em qualquer órgão que compõe esse sistema, como por exemplo, no esôfago, no estômago, no fígado e nos intestinos. O que todos esses cânceres têm em comum é que passam pela avaliação do cirurgião do aparelho digestivo, em algum momento do seu tratamento. Saiba como é feita a avaliação e a cirurgia, quando necessária, em casos de câncer nesse sistema.
O cirurgião do aparelho digestivo é um médico, especialista em tratar condições que afetam qualquer órgão do aparelho digestivo. Isso engloba, por exemplo, hérnias, refluxo, apendicite, pedra na vesícula, doenças no intestino, e também, qualquer tipo de câncer desse sistema. Sendo assim, o câncer no aparelho digestivo, que pode ocorrer em qualquer órgão, tem como parte do tratamento a avaliação desse especialista.
A avaliação e tratamento de qualquer tipo de câncer, inclusive o do trato digestivo, ocorre sempre em conjunto com o médico oncologista clínico. Esse especialista é o responsável por diagnosticar e dar as diretrizes no tratamento da doença – definindo, por exemplo, a necessidade e o tipo de tratamento sistêmico (quimioterapia, imunoterapia) e, junto com o cirurgião, definir o melhor momento para realização da cirurgia para retirada do tumor. Isso faz com que o cirurgião do aparelho digestivo seja peça-chave rumo à remissão ou cura do câncer.
A cirurgia do câncer no aparelho digestivo visa a retirada total do tumor do órgão afetado pela doença. Para que isso seja possível, inicia-se o processo com o correto estadiamento do câncer, avaliando através de exames de imagem, a extensão local e a distância do tumor, como por exemplo a invasão de órgão próximos ou a presença de metástases. Para isso usamos alguns exames como:
Esses exames para avaliar o estadiamento da doença nos definem o grau de avanço do tumor. Isso é importante para entender se é possível remover o câncer cirurgicamente e a técnica a ser usada.
Definindo-se a possibilidade da realização de tratamento cirúrgico, realizamos, antes da cirurgia, uma minuciosa avaliação pré-operatória, para definir o status clínico do paciente e o risco de complicações referentes à cirurgia e à anestesia. Nessa fase, realizamos alguns exames cardiológicos, como por exemplo eletrocardiograma e ecocardiograma, além de exames laboratoriais. Nessa etapa do tratamento, também pode haver a necessidade de avaliações de cardiologista e anestesista, para ajuda na definição desse risco.
Com o estadiamento e avaliação pré-operatória feitas, definimos então a técnica a ser usada. Como o câncer pode afetar qualquer órgão do aparelho digestivo, a operação também pode acontecer em diversas áreas, muitas vezes retirando até mesmo mais de um órgão, dependendo da extensão local do tumor. Conheça os tipos mais comuns de cirurgia:
Técnica realizada por endoscopistas, usada apenas em lesões de estágio muito inicial, esse procedimento é minimamente invasivo e serve para tumores no esôfago, no estômago ou no intestino. Ela não requer cortes e é feita com um endoscópio ou colonoscópio, tubo flexível com câmera na ponta e instrumentos cirúrgicos.
Quando é possível, essa opção de tratamento pode ser muito vantajosa, visto que preserva a anatomia digestiva, é pouco invasiva e tem recuperação rápida.
Essa cirurgia consiste na retirada total ou parcial do estômago em casos de câncer gástrico. Ela pode ser feita por métodos menos invasivos como a videolaparoscopia ou a cirurgia robótica, ou por via aberta, através de uma laparotomia. A definição da técnica é feita pelo cirurgião do aparelho digestivo, de acordo com as características do tumor e condição clínica do paciente.
Dependendo da localização do tumor no estômago, apenas a remoção parcial do mesmo não é suficiente. Nesses casos, o órgão é removido por completo, e o esófago é ligado diretamente ao intestino delgado para preservar ao máximo as funções digestivas do paciente e mantendo a possibilidade de alimentação via oral.
Esse procedimento é a ressecção de uma parte ou de todo o cólon – o intestino grosso. A colectomia pode ser necessária, por exemplo, em casos de doença de Crohn ou retocolite ulcerativa, doença diverticular e também nos casos de câncer de cólon, dentre outras doenças.
Há uma série de técnicas que podemos utilizar para realização de uma colectomia parcial. Assim como na gastrectomia, a escolha da técnica pelo cirurgião do aparelho digestivo depende de fatores como estado clínico do paciente, localização do tumor e estadiamento do mesmo.
Na maioria dos casos ocorre a retirada de apenas uma porção do cólon. Em outros, isso não é o suficiente, sendo então realizada a retirada do cólon inteiro. Em ambos os casos, durante o procedimento cirúrgico, o cirurgião conecta os segmentos do intestino que restaram e quando isso não é possível, abrimos mão da realização de colostomias ou ileostomias, que podem ser temporárias ou definitivas.
Assim como nas gastrectomias, as colectomias, também podem ser realizadas laparoscopia, cirurgia robótica ou cirurgia aberta.
Essa cirurgia é altamente complexa e utilizada para casos de câncer na cabeça do pâncreas, no duodeno ou nas vias biliares extra hepáticas.
Nela retira-se o duodeno, a cabeça pancreática e parte das vias biliares extra hepáticas, necessitando de várias reconstruções complexas. Esse procedimento é geralmente realizado por via aberta, mas, cada vez mais vem sendo realizado por meio da cirurgia robótica, com ótimos resultados.
O câncer do intestino delgado é raro, mas não é incomum termos que realizar a retirada de um pedaço do intestino delgado durante cirurgias, por outros motivos, como por exemplo perfurações e obstruções.
Assim como nas colectomias, o segmento do intestino delgado afetado é retirado e as extremidades restantes são conectadas. Esse é outro procedimento que pode ser feito em uma cirurgia aberta, por laparoscopia ou por cirurgia robótica.
Uma localização possível para as metástases dos cânceres abdominais, é o peritônio – membrana que reveste todos os órgãos da cavidade abdominal. Quando há esse tipo de disseminação tumoral, é possível a realização de uma cirurgia para retirar esses focos de metástases e muitas vezes acompanhada pela quimioterapia intra operatória – HIPEC
Esse procedimento é de alta complexidade e é realizado através de cirurgia aberta. Nem todos os tipos de cânceres são passíveis desse tipo de tratamento, os mais comuns para sua realização são o de ovário e alguns tipos do câncer de intestino.
O pré e o pós-operatório da cirurgia do aparelho digestivo são ditados por uma série de fatores. O estado clínico do paciente, a doença, a complexidade do tratamento e da cirurgia e possíveis intercorrências tornam o processo mais demorado ou mais rápido.
Ao realizar um tratamento por endoscopia, ou cirurgias menos complexas, o paciente tende a ficar um tempo menor internado no hospital, cerca de um a dois dias. Já em casos de cirurgias mais complexas ou de intercorrências, a internação tende a ser maior e pode durar de cinco a dez dias. Nesse período de internação, ele recebe medicamentos necessários (para controle de dor e náuseas, antibioticoterapia, para prevenção de trombose), fisioterapia para reabilitação pulmonar e motora, nutrição adequada e quando necessário, passa por outros procedimentos (como por exemplo drenagens de líquidos que se acumularam ou novas cirurgias).
Após a alta, o paciente recebe uma série de recomendações para seguir em casa, de acordo com o tratamento que foi realizado. Entre elas destacam-se a dieta a ser seguida, a reabilitação motora e restrição de carga e de atividade física, medicações a serem utilizadas, cuidados com a ferida operatória, retorno em consulta e sinais de alarme.
Após a recuperação da cirurgia e o resultado da biópsia realizada nos órgãos retirados, dá-se seguimento ao tratamento do câncer, seja com quimioterapia e radioterapia ou outras terapias, quando necessário.
A cirurgia é uma das etapas importantes no tratamento dos diversos tipos de câncer do aparelho digestivo. O planejamento individualizado, a escolha da técnica adequada e a atuação em conjunto entre cirurgião do aparelho digestivo e oncologista clínico são fundamentais para oferecer segurança, qualidade de vida e o melhor resultado possível ao paciente.
Se você recebeu um diagnóstico ou está em investigação, agende uma consulta para avaliação detalhada. Estou à disposição para esclarecer dúvidas e orientar o melhor caminho.
A cirurgia oncológica digestiva consiste na remoção cirúrgica de tumores malignos em órgãos do aparelho digestivo. Esses tumores podem aparecer em qualquer órgão deste sistema, como por exemplo, no esôfago, no estômago, nos intestinos, no pâncreas. O objetivo é retirar todo tecido tumoral, com margens e também remover os linfonodos regionais.
A técnica para essa cirurgia varia de acordo com diversos fatores, como tipo, localização e estadiamento em que o câncer está. Ela pode retirar apenas parte de um órgão afetado, o órgão inteiro ou mais de um órgão envolvido. Além disso, ela pode ser feita por via aberta, por laparoscopia ou por cirurgia robótica.
Os sintomas do câncer no aparelho digestivo variam de acordo com a localização do tumor. Além disso, é preciso frisar que essa doença pode ser assintomática em estágios iniciais e, por isso, é imprescindível manter os exames de rotina em dia.
É possível, porém, citar os sintomas mais comuns, que incluem:
A gastrectomia, remoção total ou parcial do estômago, é uma cirurgia segura – mas, como qualquer outro procedimento cirúrgico, traz riscos. Eles incluem:
Todos esses riscos são devidamente avaliados e estratificados, antes do tratamento, por profissionais capacitados. Essas intercorrências não são comuns, porém podem ocorrer, mesmo após uma avaliação pré operatória pormenorizada. Caso ocorram, todas elas são devidamente manejadas pelos médicos responsáveis.