Endometriose intestinal: qual a relação do cirurgião do aparelho digestivo com o tratamento

A endometriose é uma condição em que o endométrio, tecido que reveste o interior do útero, cresce em locais fora dele. Pode afetar órgãos do aparelho digestivo, como o intestino e o apêndice. Quando este crescimento anormal gera sintomas e impacto na qualidade de vida, é necessário um tratamento, que muitas vezes pode incluir a realização de uma cirurgia. Quando na cirurgia é necessário o tratamento de órgãos do aparelho digestivo, quem faz isso, em conjunto com o ginecologista, é o cirurgião do aparelho digestivo. Veja detalhes abaixo:

Endometriose intestinal: o que é e quem faz a cirurgia?

A endometriose é uma condição em que o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce fora dele, gerando sintomas como dor pélvica e infertilidade. 

Nessa doença pode ocorrer o acometimento de órgãos do aparelho digestivo, como o intestino, podendo acometer desde camadas superficiais dele, até camadas mais profundas, gerando então sintomas intestinais. Os sintomas mais comuns quando há acometimento intestinal são: 

  • Dor ao evacuar;
  • Distensão abdominal;
  • Constipação ou diarreia;
  • Sensação de evacuação incompleta;
  • Sangue nas fezes durante o período menstrual;
  • Cólicas intestinais.

A endometriose com acometimento intestinal pode não apresentar sintomas. Porém também pode ocorrer de, mesmo com o tratamento clínico otimizado, os sintomas se manterem, sendo então necessário o tratamento cirúrgico. Nesses casos, o acompanhamento deixa de ser exclusivo do ginecologista e passa a contar também com a atuação do cirurgião do aparelho digestivo, que é o especialista responsável por tratar as lesões intestinais.

A recomendação de sociedades médicas como a International Society for Gynecologic Endoscopy é que todas as cirurgias complexas que envolvem o intestino sejam realizadas por uma equipe multidisciplinar. Isso inclui o ginecologista e o cirurgião digestivo.

Cirurgia para endometriose intestinal: técnicas

A técnica utilizada na cirurgia para endometriose com acometimento intestinal depende de diversos fatores, como o tamanho da lesão, sua profundidade e localização. 

A investigação do quadro ocorre com exames de imagem e é realizada de acordo com os sintomas relatados pela paciente. Utilizamos exames como ultrassonografia, ressonância magnética e em alguns casos até uma pequena cirurgia de laparoscopia diagnóstica. Com isso feito, o cirurgião do aparelho digestivo, conjuntamente com o ginecologista, define a melhor técnica a ser usada. As mais comuns são:

Raspagem (Shaving)

Utilizada em lesões superficiais, essa é a técnica mais conservadora. Ela remove as lesões da parede do intestino, sem abrir o órgão ou retirar algum pedaço dele. Esse procedimento é comumente realizado por vias pouco invasivas como a laparoscopia ou a cirurgia robótica, preservando ao máximo a anatomia e a integridade da parede intestinal.

Essa técnica cirúrgica traz riscos menores de complicações. Uma desvantagem, porém, é que ela pode deixar resíduos microscópicos de tecido endometrial, algo que pode permitir o retorno da doença (ou seja, recidiva da endometriose intestinal).

Ressecção discóide

Nessa técnica, o cirurgião do aparelho digestivo remove um pedaço do intestino em forma de disco, removendo totalmente a lesão endometriótica, sem necessidade de abertura do órgão e sem a necessidade de grandes ressecções, preservando o órgão. Ela é realizada com a ajuda de um grampeador, que serve para cortar e juntar os pedaços do intestino. 

Esse procedimento também é realizado por via minimamente invasiva como a laparoscopia ou cirurgia robótica e utilizado em lesões mais invasivas e que medem até 3 centímetros de comprimento. Além disso, ele também reduz significativamente o risco da doença retornar.

Ressecção segmentar

É a mais radical das três técnicas, nela todo o segmento do intestino acometido pela endometriose é removido (colectomia segmentar). Em seguida, as extremidades são conectadas – procedimento chamado de anastomose. Também realizada por via minimamente invasiva como a laparoscopia ou cirurgia robótica 

Essa técnica é utilizada em casos de lesões maiores de 3 cm, múltiplas ou com invasão profunda da parede intestinal. Ela garante maiores chances da remoção completa da doença, reduzindo os riscos de uma recidiva. Apesar disso, é uma técnica mais agressiva, com risco cirúrgico maior que as demais.

O tratamento da endometriose intestinal exige uma abordagem individualizada e, muitas vezes, a participação de uma equipe multidisciplinar. Quando a cirurgia intestinal é indicada, contar com um cirurgião do aparelho digestivo experiente é essencial para garantir segurança e melhores resultados.

Se você convive com sintomas persistentes ou já recebeu esse diagnóstico, agende uma consulta para avaliação personalizada e tire suas dúvidas sobre o tratamento mais adequado.

Mais sobre endometriose intestinal e cirurgia do aparelho digestivo

Após a cirurgia, as pacientes relatam melhora significativa dos sintomas intestinais relacionados com a endometriose. Em casos nos quais é preciso retirar parte do intestino, é comum que o trânsito intestinal leve algum tempo para se regularizar. 

Algumas pacientes podem apresentar alterações no hábito intestinal, como evacuação mais frequente, fezes amolecidas ou sensação de urgência para evacuar nos primeiros meses após a operação. Com o tempo o intestino se adapta e os sintomas melhoram, retornando a um hábito intestinal regular. Tudo depende também dos hábitos de vida, como uma alimentação saudável e rica em fibras, hidratação adequada, atividade física regular e acompanhamento médico.

O tratamento da endometriose ajuda a melhorar a fertilidade, visto que essa doença tem como uma de suas principais consequências, a infertilidade. Isso ocorre principalmente em pacientes que tinham focos profundos da doença nos ovários, nas trompas e no peritônio pélvico (gerando aderências locais). A remoção cuidadosa das lesões restaura a anatomia pélvica, favorecendo a melhora da fertilidade.

Nem sempre o tratamento cirúrgico é indicado na endometriose com acometimento intestinal. A decisão por esse procedimento leva em consideração as características locais da doença e os sintomas apresentados, que podem afetar a qualidade de vida da paciente. Em casos menos agressivos ou sintomáticos pode-se realizar tratamento medicamentoso, por exemplo, com terapia hormonal ou outros medicamentos.

A cirurgia é realizada em casos que apresentem, por exemplo, dor pélvica intensa, obstrução intestinal, sangramento nas fezes ou falha no tratamento clínico.

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