Qual a relação entre H. pylori e câncer gástrico

A bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria gram-negativa, espiralada e que pode colonizar o estômago humano, sendo sua principal característica, a capacidade de sobreviver em ambientes muito ácidos. Ela consegue isso por conta da produção da enzima urease, que serve para neutralizar o ácido gástrico.

Estima-se que ela está presente em cerca de metade da população mundial, sendo transmitida de forma oral-oral ou fecal-oral, mas nem sempre causa sintomas. No entanto, quando não tratada adequadamente, pode provocar inflamações crônicas na mucosa do estômago e aumentar o risco de desenvolver diversas condições. Entre elas, dispepsia, gastrite, úlceras e até câncer gástrico (seja o Linfoma MALT ou o adenocarcinoma) — especialmente em pessoas com predisposição genética ou outros fatores de risco associados.

Entender essa relação é essencial para a prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento adequado com um cirurgião do aparelho digestivo.

O que é o H. pylori e como ela afeta o estômago

O H. pylori vive sob a camada de muco que protege a mucosa gástrica e, como dissemos antes, sobrevive ao ambiente ácido do estômago através da produção da enzima urease. Essa enzima converte a ureia em amônia e com isso neutraliza o ácido gástrico. Esse processo, somado a algumas características da bactéria, desencadeia uma resposta inflamatória persistente, que induz uma gastrite crônica.

Com o tempo, essa inflamação persistente leva a alterações nas células do estômago — gastrite atrófica —, favorecendo o surgimento de úlceras e lesões pré-malignas — a displasia —, um dos estágios que antecedem o câncer gástrico.

Como o H. pylori se relaciona ao câncer gástrico

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o H. pylori é classificado como um carcinógeno do grupo 1, ou seja, é um agente definitivamente cancerígeno para humanos. Ele também é o principal fator de risco ambiental para o desenvolvimento do câncer gástrico. Isso ocorre porque:

  • A inflamação crônica causada pela bactéria provoca danos progressivos e contínuos às células do estômago.
  • O processo inflamatório evolui para atrofia da mucosa gástrica, metaplasia e displasia, estágios que precedem o câncer.

Vale lembrar que a presença da bactéria não significa que o paciente desenvolverá câncer, mas indica a necessidade de acompanhamento e tratamento adequados.

Fatores que aumentam o risco

Nem todas as pessoas com H. pylori desenvolvem câncer, mas alguns fatores podem elevar o risco:

  • Histórico familiar de câncer gástrico;
  • Alimentação rica em embutidos, carnes defumadas e alimentos muito salgados;
  • Tabagismo e consumo frequente de álcool;
  • Presença de gastrite atrófica ou metaplasia intestinal;
  • Falta de tratamento ou erradicação incompleta da bactéria.

A combinação desses fatores com a infecção bacteriana torna o ambiente gástrico mais vulnerável a alterações celulares malignas.

Diagnóstico e tratamento do H. pylori

Existem diversas exames disponíveis no mercado para realizar o diagnóstico:

  • Exames não invasivos: teste respiratório (teste da ureia) e pesquisa de antígeno fecal;
  • Exames invasivos: cultura com antibiograma e endoscopia digestiva alta com teste da urease.

Porém, atualmente, o melhor método para diagnóstico é a realização da endoscopia digestiva alta com biópsia e visualização direta da presença ou não da bactéria. Também é feita a análise de outros fatores como gastrite, atrofia, metaplasia e displasia.

O tratamento envolve o uso de antibióticos e de inibidores de acidez gástrica por 10 a 14 dias. Após o tratamento, é essencial confirmar a erradicação da bactéria, especialmente em pacientes com histórico familiar de câncer ou lesões prévias.

O acompanhamento com o cirurgião do aparelho digestivo é importante para avaliar a resposta ao tratamento e definir a necessidade de novos exames.

Prevenção e acompanhamento

Tratar o H. pylori precocemente é uma forma comprovada de reduzir o risco de câncer gástrico. Além disso, algumas medidas auxiliam na prevenção:

  • Evitar o uso prolongado de anti-inflamatórios e antibióticos, sem orientação médica;
  • Manter uma alimentação rica em frutas, vegetais e fibras;
  • Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e defumados;
  • Realizar o acompanhamento médico de rotina e exames, quando indicados.

A identificação e o tratamento adequados da infecção são especialmente importantes em pessoas com histórico familiar de câncer de estômago.

A infecção por H. pylori é comum e merece atenção. Quando não tratada, pode desencadear uma inflamação crônica que aumenta o risco de câncer gástrico. Por isso, diante de sintomas persistentes como azia, dor abdominal ou sensação de empachamento, é fundamental procurar um cirurgião do aparelho digestivo.

O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar complicações e garantir uma saúde digestiva duradoura. Se você precisa de orientação, entre em contato e agende uma consulta.

FAQs – Perguntas Frequentes

Não. A maioria das pessoas infectadas nunca desenvolverá câncer. A presença da bactéria é apenas um dos fatores que aumentam o risco para a doença, especialmente quando acompanhada por inflamação prolongada, fatores genéticos ou hábitos que favorecem a agressão à mucosa gástrica.

Sim. O tratamento com antibióticos e medicamentos para reduzir a acidez gástrica costuma eliminar a bactéria. Após o tratamento, é indicado repetir o exame para confirmar a erradicação.

Procure um cirurgião do aparelho digestivo se apresentar sintomas persistentes de gastrite, dor abdominal, perda de peso sem causa aparente ou histórico familiar de câncer gástrico.

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